sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Phil May e Dick Taylor falam da estreia dos Pretty Things em Portugal



Ainda comandados pelo vocalista Phil May e pelo guitarrista Dick Taylor, elementos originais, os Pretty  Things estreiam-se em Portugal com uma data única no Porto. Para fãs de todas as gerações, será, por um certo um brilhante resumo de uma carreira de 50 anos, marcada por vários álbuns seminais, que atravessam o r&b, o garage e o psych. Phil May, vocalista que acabou de completar 72 anos, e Dick Taylor, génio da guitarra que esteve na primeira formação dos Rolling Stones, enquanto baixista, lado a lado com Jagger e Keith Richard, aceitaram dar uma pequena entrevista à Cooperativa dos Otários, responsável pelo concerto de 15 de Novembro, no Cave 45. Aqui ficam as respostas e um agradecimento à cortesia de May e Taylor. 

1)What kind of image do you have from Portugal? Did you guys ever had a chance to play here? 

We strangely have never played in Portugal, as for my image of Portugal I think of Fado music and the great food I have had in Portuguese restaurants.

2)What can we expect from the gig in Porto? We know there is a new album to show… 

We shall be doing stuff from our early career, a tranche of psychedelia, acoustic blues and something from the new album, generally the emphasis will be on energy.

3)You are contemporary with some of the most iconic rock'n'roll figures. There are stories of you with Jagger or Keith Richards and Bowie never hided that he was an unconditional fan of Pretty Things. Do you want to share some others?

One thing that amuses me is that Phil is one of the few people who can bring a smile to Van Morrison's face. Of course we got to know a lot of in the sixties, it would not be unusual to bump into Jimmy Hendrix or Bob Dylan in a London after hours club. Incidentally Bob Dylan was so intrigued by the sounds of our first album that he asked us to spend the day with him, and when Steven Tyler heard our version of Roadrunner, he then knew what he wanted to do with the rest of his life.

4) You started side by side with the Stones. Did you miss the recognition they had or was it essential for you to get out of the comfort zone, to experiment and innovate with conceptual albums?

When we finished our three album deal with Fontana Records, we grabbed the chance to experiment and find our own musical direction, hence SF Sorrow.

5)What moves you at this point? What is the reason that keeps the Pretty Things on the road and what should we expect for future?

We still get the thrill of playing live. Particularly when we have audiences where there are young people. As for future plans, we have started on our new album and the date sheet for 2017 is filling up.

6)If you could choose two bands from other time and other two from nowadays to share the stage, who would be?

Phil says Hendrix and the Stones
Dick says The Doors and The Stax house band.
As for some current bands, we think Fleet Foxes and Kasabian.



sexta-feira, 1 de abril de 2016

La Matriarca, di Pasquale Festa Campanile, Catherine Spaak - Trailer Ori...




La Matriarca (1968)


Comédia italiana realizada por Pasquale Campanile e interpretada por Catherine Spaak e Jean Luis Trignitant. Golpes e brincadeiras num filme que apela à safadeza, numa busca da sexualidade com graça, sedução e perversão. O ponto de partida assenta numa viúva que descobre que o marinho tinha um apartamento secreto onde a traía, decidindo ela usar a mesma receita para viajar num mundo de fantasias. Desconcertante, Catherine Spaak tem um papel modelar, enchendo a tela com a sua beleza singular, combinando doçura, inocência e autoridade no jogo criado, até encontrar a relação perfeita no personagem interpretado por Trignitant. A banda sonora tem assinatura magistral de Armando Trovajoli.







































terça-feira, 1 de março de 2016

Ecstasy of Wilco Johnson

Uma grande vida e uma batalha vencida contra um cancro que parecia incurável. Um documentário sobre o grande Wilco Johnson assinado pelo Julian Temple, que acaba por ser um exercício cinematográfico sobre a confrontação com a morte de quem estava condenado a partir em dez meses, vivendo essa agonia, e a celebração da vida, quando o diagnóstico fatal foi derrubado com estrondo pelo lendário guitarrista dos Dr. Feelgood. Trabalho arrojado e sublime do Julian Temple, que acompanhou grande parte dos concertos de despedida do Wilco Johnson, embora tenha feito um documentário mais existencial do que musical com enorme predominância de excertos de filmes que lidam com o significado de toda a inquietação e angústia partilhadas por Wilco no documentário. Insólita forma de contar a história, potenciada pelos relatos desarmantes do guitarrista e pelo imaginário criativo do realizador, mergulhando no seu cinema de eleição.


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Sons of Chaputa

Mais um ideia louvável da Chaputa Records, que tem feito maravilhas no lançamento de singles da cena garageira, promovendo para ouvidos desatentos Satelliters ou King Salami. Com banquinha presente nos eventos mais selvagens e concertos mais desbocados, a Chaputa investe agora no melhor do panorama punk/garage nacional, levando bandas como Parkinsons, Act-Ups, D30, Dirty Coal Train, Jack Shits, Fast Edie Nelson, Bruto and the Cannibals ou Murdering Tripping Blues a aventurarem-se em versões de gente da craveira de Kinks, Screamin Jay Hawkins, Velvet Underground, MC5, Gun Club, Gories, Wilson Pickett e Mad Daddys. Disponível para encomenda, em formato vinyl disponível através da página da editora.

A1 – THE ACT-UPS: I Can’t Stand It
A2 – D3O: I Put a Spell on You
A3 – MURDERING TRIPPING BLUES: Nothing In This World Can Stop Me Worrying About That Girl
A4 – THE DIRTY COAL TRAIN: Nytroglicerine
B1 – THE JACK SHITS: You Can’t Stand Alone
B2 – THE PARKINSONS: Come With Me
B3 – FAST EDDIE NELSON: Kick Out The Jams
B4 – BRUTO AND THE CANNIBALS: Sex Beat







Olinka Berova/Olga Schoberova


Atriz checa, nascida em Praga, filha de pai alemão e mãe austríaca. Notabilizou-se como estrela pelo seu papel no filme The Vengeance of She (1968). Pelos seus traços físicos viu-lhe serem atribuídas parecenças com Brigitte Bardot e Ursula Andress. Nasceu como Olga Schoberova mas viria a consagrar-se com carreira internacional no cinema como Olinka Berova.



 










terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Paixão pelos hammers de Bobby Moore













A equipa treinada hoje pelo roqueiro Slaven Bilic, baterista de heavy metal numa banda croata, conta com uma história recheada de tradições, sendo um clube associado à classe trabalhadora, à indústria siderúrgica do Tamisa, e com imensos adeptos conhecidos, que vão de Alfred Hitchcock a membros de Iron Maiden, de John Cleese a Barack Obama. Com uma rivalidade excruciante com os vizinhos do Milwall, das mais temíveis do mundo em termos de confrontos e violência pura, o West Ham é um clube singular, que tem tido o dom de se notabilizar na formação de alguns dos maiores talentos do futebol inglês, como Frank Lampard, Joe Cole, Rio Ferdinand, Michael Carrick, Paul Ince ou Jermaine Defoe. Os hammers são um dos clubes mais respeitados no universo da Premier League, contabilizando 58 temporadas entre os maiores. Na sua história entram as vitórias na Taça de Inglaterra de 1964, 1975 e 1980 e a Taça das Taças de 1965. Essa equipa foi mesmo a mais lendária de sempre, pertencendo a ela a incontornável figura de Bobby Moore, que jogou em Upton Park entre 1958 e 1974. Foi um dos esteios da Seleção Inglesa, campeã mundial em 1966, da qual também faziam parte os avançados Geoff Hurst e Martin Peters, autores dos golos da final sobre a Alemanha. Todos eles surgem homenageados numa estátua em Upton Park. Foram também determinantes no triunfo da Taça de Inglaterra de 1964 numa excitante e impensável final com o Preston North End (na altura da 2ª Divisão e que tinha nas fileiras um miúdo de 17 anos, Howard Kendall), onde milhares de adeptos se animaram em redor de Wembley num extraordinário ambiente de festa. O West Ham é um clube que seduz por uma cultura própria, uma alma gigante e um mascote carismática dentro uma cidade cheia de pesos pesados como Arsenal, Tottenham e Chelsea.



























quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Bonnie St. Claire - I surrender






Um hino em imensos festivais dedicados à cultura mod e um estupendo convite à febra da pista, I Surrender é um tema da autoria da holandesa Bonnie St. Claire. Com outros temas sugestivos como Tame me Tiger ou Clap Your Hands and Stamp Your Feet, Bonnie ainda hoje é uma figura altamente respeitada na Holanda, embora não tenha escapada a períodos de atividade mais sombrios e manhosos. Mas fica toda a estima por um poderoso, colossal e viciante I Surrender.

Mulheres de armas nos Spaghetti Westerns

Nicoletta Machiavelli

Giovanni Ralli

Nicoletta Machiavelli
Rosalba Neri

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Jane Fonda, Klute (1971)














Trumbo

Image and video hosting by TinyPic Notável filme com um sublime Brian Cranston (Breaking Bad) a dar corpo e dimensão condizente ao papel de Dalton Trumbo como guionista de alguns dos filmes mais emblemáticos e oscarizados da história. Filme exímio no retrato de uma época, na leitura de uma perseguição, com Dalton Trumbo a ser um dos rostos de Hollywood mais procurados pela sua filiação comunista. Criada uma lista negra de nomes encarados como espiões de Moscovo com detratores e bufos espalhados por toda a parte, Trumbo foi perseguido, preso mas não deixou de ser um resistente, mantendo a sua coerência ideológica e fintando a privação de trabalhar no meio com recurso a assinaturas fictícias dos seus argumentos. Enorme a representação de Cranston, provando a sua grandeza como ator, apanhando todos os trejeitos deste grande protagonista da história de Hollywood, responsável pelos guiões de Roman Holiday, Spartacus ou Exodus. Elenco de luxo com Helen Mirren no papel de uma terrível fabricadora de opinião entre os mais ilustres de Hollywood, John Goodman, modesto produtor que manteve Trumbo com trabalho, ou Diane Lane, como mulher e pilar na vida de Trumbo. Um filme enquanto exercício de memória, recuperando imagens da época e personagens reais, servindo ainda de tributo a uma carreira, apalpando todo o carisma de Trumbo. Excelente ainda todo o processo de caraterização, mantendo o espetador bem dentro da época retratada.

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Pasolini louco por futebol

                            Pasolini na produção de Teorema



Há no futebol momentos que são exclusivamente poéticos: trata-se dos momentos de golo. Cada golo é sempre uma invenção, uma subversão do código: cada golo é fatalidade, fulguração, espanto, irreversibilidade. Precisamente como a palavra poética. Por Pier Paolo Pasolini.

Amante de futebol, adepto ferrenho do Bolonha, clube da sua cidade natal, Pasolini dissertou linhas sobre um dos maiores espetáculos planetários, num artigo escrito 'Linguagem do Futebol' pouco depois da final do Mundial de 70, ganha pelo Brasil. Fica aqui partilhado um pensamento muito próprio e curioso, em que o polémico intelectual italiano transpõe os signos da escrita para o futebol, tornando visível a sua cumplicidade com a estética do jogo, exemplificando a elegância de alguns artistas e o pragmatismo de outros. De meter inveja a imensos cronistas e comentadores. 
Ainda discorrendo sobre esta intensa paixão de Pasolini,  autor de Saló e Teorema, o realizador ganhou um apreço descomunal pelo capitão do Bolonha, Bulgarelli. «Quando o conheci foi como se tivesse visto Jesus Cristo», disse, exaltando um jogador que dedicou toda a carreira ao Bolonha, ajudando na conquista do título de 1964. Faleceu em 2009 e na cidade foi decretado pela primeira vez um dia de luto. O nº 8 que ostentava em campo foi retirado pelo Bolonha. Pasolini convidou-o a ser um dos protagonistsa do seu filme documentário Comizi d'Amore.



Prosa e poesia

[Gianni] Rivera [médio italiano que disputou a final do Mundial de 1970, contra o Brasil] joga um futebol de prosa: mas a sua prosa é poética, de “elzevir”.

Também Mazzola [João José Altafini. Jogou pelo Palmeiras e pela seleção brasileira, sendo campeão em 1958. Depois transferiu-se para a Itália e naturalizou-se italiano, chegando a jogar pela seleção na final do Mundial de 70 contra o Brasil] é um prosador elegante e poderia até escrever no “Corriere della Sera”, mas é mais poeta que Rivera: de vez em quando ele interrompe a prosa e inventa, de repente, dois versos fulgurantes.

Note-se que não faço distinção de valor entre a prosa e a poesia; a minha distinção é puramente técnica.

Entretanto entendamo-nos. A literatura italiana, sobretudo a mais recente, é a literatura dos “elzevires”: os escritores são elegantes e, no limite, estetizantes; a substância é quase sempre conservadora e meio provinciana… Em suma, democrata-cristã. Todas as linguagens faladas num país, mesmo as mais especializadas e espinhosas, têm um terreno comum, que é a cultura desse país: a
sua atualidade histórica.

Assim, justamente por razões de cultura e de história, o futebol de alguns povos é fundamentalmente de prosa, seja ela realista ou estetizante  (este último é o caso da Itália); ao passo que o futebol de outros povos é fundamentalmente de poesia.

Há no futebol momentos que são exclusivamente poéticos: trata-se dos momentos de golo. Cada golo é sempre uma invenção, uma subversão do código: cada golo é fatalidade, fulguração, espanto, irreversibilidade. Precisamente como a palavra poética. O melhor marcador de um campeonato é sempre o melhor poeta do ano. Neste momento, [Giuseppe] Savoldi [jogador do Bolonha, do Nápoles e da seleção italiana] é o melhor poeta. O futebol que exprime mais golos é o mais poético.

A finta é também essencialmente poética (embora nem sempre, como a ação do golo). De fato, o sonho de todo jogador (compartilhado por cada espectador) é partir da metade do campo, fintar os adversários e marcar. Se, dentro dos limites permitidos, é possível imaginar algo sublime no futebol, trata-se disso. Mas nunca acontece. É um sonho (que só vi realizado por Franco Franchi [1922-92, um dos principais nomes do cinema cômico italiano] nos “Mágicos da Bola”, o qual, apesar do nível tosco, conseguiu ser perfeitamente onírico).

Quem são os melhores “fintadores” do mundo e os melhores fazedores de golos? Os brasileiros. Portanto o futebol deles é um futebol de poesia – e, de fato, está todo centrado na finta e no golo.

A retranca e a triangulação é futebol de prosa: baseia-se na sintaxe, isto é, no jogo coletivo e organizado, na execução racional do código. O seu único momento poético é o contrapé seguido do gol (que, como vimos, é necessariamente poético).

Em suma, o momento poético do futebol parece ser (como sempre) o momento individualista (drible e gol; ou passe inspirado).

O futebol de prosa é o do chamado sistema (o futebol europeu). Nesse esquema, o golo é confiado à conclusão, possivelmente por um “poeta realista” como Riva, mas deve derivar de uma organização de jogo coletivo, fundado por uma série de passagens “geométricas”, executadas segundo as regras do código (nisso Rivera é perfeito, apesar de Brera não gostar, porque se trata de uma perfeição meio estetizante, não-realista, como a dos meio-campistas ingleses ou alemães).


                             Bertolucci e Pasolini


O futebol de poesia é o latino-americano. Esquema que, para ser realizado, demanda uma capacidade monstruosa de fintar (coisa que na Europa é esnobada em nome da “prosa coletiva”): nele, o golo pode ser inventado por qualquer um e de qualquer posição. Se a finta e o golo são o momento individualista-poético do futebol, o futebol brasileiro é, portanto, um futebol de poesia. Sem fazer distinção de valor, mas em sentido puramente técnico, no México [em 1970] a prosa estetizante italiana foi batida pela poesia brasileira.

Fabio Capello sobre Pasolini: «Pier Paolo tinha uma paixão verdadeira pelo futebol. Era talentoso, jogava na ponta, tinha velocidade, sabia driblar e podia envolver os outros, dentro e fora do campo, com a sua personalidade. Nos conhecemos no final dos anos 60, e me causou uma grande impressão: era leve, quase tímido, mas muito agradável e com uma grande cultura. Ele tinha verdadeiro interesse por muitas coisas, e entre elas, claro, o futebol. Ele via o futebol como a vida»





Bulgarelli





sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Sedmikrásky (1966)



Filme de Vera Chytilova (1966). Traduzido por Jovens e Atrevidas, Las Margaritas ou Daisies. Um filme caótico e divertido com duas jovens de protagonistas que perdem esperança no mundo e se animam a pregar partidas e devastar tudo o que lhe surge pela frente. Uma fotografia extraordinária e uma alteração constante entre cenários coloridos e outros a preto-e-branco. Hora e meia visualmente desconcertante e muito recomendável de um filme  que se enquadra na nova vaga do cinema checo, da qual faz também parte Milos Forman, como resposta ao regime comunista. Subversiva nos seus filmes, reconhecida pela sua intervenção feminista, Vera Chytilova enfrentou algumas dificuldades dentro do país.







Zig Zag Wanderer - Captain Beefheart

Desafiando a pista hoje na Embaixada Lomográfica - Vinnie Jones @ Lomo

A acelerar pelos sessentas, reavivando o êxtase assombroso da época e convocando baile frenético com cenário exótico de fundo. Uma volta ao mundo com boogaloo, soul, ryhthm & blues, hammond grooves, buscando relíquias desta vida e vibrações sublimes